Flávia Rocha

2017

Tese integral

Coprodução cinematográfica internacional no Brasil e na Argentina (2009-2015) : um estudo comparado

O fomento de filmes em regime de coprodução internacional tem uma longa história no cinema brasileiro, porém, nos últimos cinco anos, vem sendo sistematizado de uma forma mais consistente no ambiente das políticas audiovisuais brasileiras. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo analisar como a política pública brasileira de apoio à coprodução internacional vem atuando para a inserção do cinema brasileiro no mercado global. O trabalho tem como abordagem teórico-metodológica a Economia Política da Comunicação (EPC). Com ênfase no estudo do negócio do cinema e a relação com os mecanismos voltados para a coprodução internacional, analisamos quatro filmes: “O Céu de Suely” (2006), “Call Girl” (2007), “Do Começo ao Fim” (2009) e “Federal” (2010). Como contribuição, apresentamos também algumas contradições do modelo de coprodução internacional e da política audiovisual brasileira.Esta tese apresenta um estudo comparativo das coproduções cinematográficas internacionais no Brasil e na Argentina, no período de 2009 a 2015, tendo como ponto de partida as políticas públicas e o ambiente normativo de apoio às coproduções nos dois países. Comparando também como mecanismos públicos de apoio às coproduções internacionais têm contribuído com a expansão da atividade cinematográfica nos dois territórios, analisa a integração cinematográfica brasileiro-argentina através das coproduções. A pesquisa tem como inspiração teórico-metodológica a Economia Política da Comunicação e da Cultura (EPCC), além dos Estudos Culturais e teóricos das Políticas Culturais, com base na perspectiva histórica da Metodologia Comparada, e, utiliza os seguintes recursos metodológicos e técnicas: a análise documental, a análise de dados empíricos e as entrevistas com cineastas e gestores das políticas de cinema no Brasil, na Argentina, em Portugal e na Espanha. Como contribuição, reflete sobre o papel das políticas de apoio às coproduções internacionais diante da concentração de poder exercida pela indústria cinematográfica dos Estados Unidos; bem como discute o conceito de coprodução cinematográfica internacional no contexto latino-americano. Ao investigar as coproduções cinematográficas internacionais no Brasil e na Argentina, e a respectiva relação com os mecanismos governamentais, intergovernamentais e não governamentais de incentivo às coproduções, percebemos que para alguns países latinoamericanos, que antes não realizavam filmes ou não tinham tradição cinematográfica, as coproduções internacionais têm ganhado mais força como sinônimo de produções. No período pesquisado, foi notório um empenho mais abrangente da agência brasileira (ANCINE), em relação ao instituto argentino (INCAA), ao incentivar as coproduções internacionais. Por outro lado, o modo de realizar filmes entre os cineastas argentinos e a sua respectiva maior experiência acumulada podem ser percebidos no maior número de coproduções lançadas e na diversidade de países parceiros. Produção, distribuição e consumo são outros aspectos da Economia Política do Cinema que ostentam suas especificidades nas coproduções cinematográficas internacionais.