Primeiro inquérito nacional retrata o consumo cultural dos portugueses

Os resultados do “Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses 2020” foram apresentados ao público nesta quarta-feira (16), em Lisboa, e oferecem um retrato da diversidade dos consumos culturais em Portugal. Encomendado pela Fundação Calouste Gulbenkian ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o estudo foi coordenado por José Machado Pais, Pedro Magalhães e Miguel Lobo Antunes. O inquérito, realizado em 2020, é baseado numa amostra de 2000 inquiridos e recolheu informação sobre consumos culturais através da Internet, da televisão e da rádio; práticas de leitura em formato impresso e digital; frequência de bibliotecas, museus, monumentos históricos, sítios arqueológicos e galerias de arte; idas ao cinema, concertos e espetáculos ao vivo, incluindo festivais e festas locais; participação artística; e capitais culturais.

A investigação revelou que 90% dos portugueses veem televisão diariamente; 40% ouvem rádio e a média de horas semanais de acesso à Internet para trabalho ou estudo é semelhante entre homens (19h) e mulheres (18h). No que respeita ao lazer, os homens passam, em média, 12 horas por semana na Internet em atividades de lazer; e as mulheres não ultrapassam as 9 horas.

Em contexto pandémico, os inquiridos intensificaram o uso da Internet no domínio cultural, sobretudo os jovens dos 15 aos 24 anos: 40% passaram a ver mais filmes e séries; 21% a ler mais livros, jornais e revistas online; e 16% a ver mais espetáculos de música.

As escolhas de leitura são fortemente influenciadas pelas redes sociais, sejam elas offline ou online: 43% das recomendações surgem dos círculos da família, amigos e colegas de trabalho; 16% de comentários de amigos nas redes sociais online e 10% buscam-se em sites de redes sociais virtuais especializados na leitura e avaliação de livros. Impulsos à leitura surgem, ainda, da exposição dos livros nas livrarias (17%) e das críticas em jornais ou revistas (16%).

Antes da pandemia, a ida ao cinema foi a atividade cultural com maior taxa de participação (41%) dos consumidores portugueses, percentagem que duplicou entre os jovens dos 15 aos 24 anos (82%). A assiduidade nas idas ao cinema aparece também associada a inquiridos com formação superior, grandes empresários, profissionais liberais e residentes na área metropolitana de Lisboa e na Região Autónoma da Madeira.

A síntese dos resultados está disponível aqui.