A equipa do PolObs inicia 2021 com reforço de canais de informação. Para além da publicação deste boletim mensal, vai estar no Facebook. E o site do observatório tem, a partir de fevereiro, nova página de entrada.
Na última década, o Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho teve mais de 700 estudantes de Doutoramento. Que trajetória fizeram? Que atividade têm hoje? Estas são as principais interrogações de um estudo que investigadores do PolObs estão a desenvolver para conhecer as expectativas, as motivações e os planos de carreira de quem opta por fazer formação doutoral. O projeto é coordenado por Emília Araújo, Madalena Oliveira e Moisés de Lemos Martins
A crise pandémica agravou a crise económica das empresas jornalísticas, com quebras nas vendas de jornais e nas receitas publicitárias. Elsa Costa e Silva fez um levantamento das medidas adotadas em vários países para ajudar os média. A investigadora concluiu, no entanto, numa análise publicada sob a forma de working paper no site do PolObs, que “não houve ainda uma mudança de paradigma relativamente ao entendimento sobre o que é modelo de financiamento dos média”.
Com uma atividade muito intensa no campo das políticas culturais, a equipa de investigadores do PolObs concluiu em 2020 dois estudos encomendados e financiados pela Direção Regional de Cultura do Norte e pela Direção Regional de Cultura do Centro. “Cultura no pós-Norte 2020” e “Cultura no pós-Centro 2020” apresentam contributos multidimensionais para políticas culturais regionais para a década 2020-2030. Os estudos foram coordenados pelo investigador Manuel Gama.
O PolObs vai passar a disponibilizar, em acesso público, o registo sistemático das principais iniciativas, ações e notícias com impacto nas políticas de ciência, comunicação e cultura em Portugal. O objetivo da nova secção do site do observatório será facilitar informação útil a outros investigadores e ao público em geral.
O Seminário Permanente de Comunicação e Cultura é uma iniciativa do PolObs que tem como objetivo propor o debate informal entre investigadores e estudantes de pós-graduação. Tem periodicidade mensal e acesso gratuito. Em outubro de 2020, depois de uma interrupção por causa da crise pandémica, passou a realizar-se em regime remoto.
O PolObs conta com uma equipa de investigadores apta a realizar estudos específicos do interesse de instituições, entidades e empresas, públicas ou privadas, com enfoque nas políticas de ciência, comunicação e cultura. As solicitações e propostas de colaboração podem ser enviadas à coordenação do observatório para polobs@ics.uminho.pt.
BRAGA
No contexto da estratégia Braga Cultura 2030 e da candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura 2027, o Município de Braga encomendou ao observatório o estudo “Públicos da Cultura de Braga”. A investigação é coordenada por Manuel Gama do PolObs e faz uma análise que visa traçar o perfil dos públicos de equipamentos culturais do município e identificar públicos potenciais.
Para além dos públicos, este estudo pretende também contribuir para a definição do plano de comunicação estratégica do município e dos agentes dos equipamentos culturais. A satisfação sobre as dinâmicas culturais municipais também é outra dimensão prevista no estudo. O resultado será apresentado no 1º semestre de 2021.
PORTO
Duas décadas depois da última pesquisa de públicos, o centenário Teatro Nacional São João é o foco de um novo estudo do PolObs elaborado a partir da constatação da inconstância de públicos verificada nos últimos anos, conforme dados dos relatórios do Conselho de Administração (2015-2017). É fator relevante para a pesquisa o papel do TNSJ na formação de novos públicos para o teatro a nível nacional. As conclusões serão divulgadas no último trimestre de 2021.
A declaração do Estado de Emergência em março de 2020 teve impactos significativos nas rotinas profissionais, na situação laboral e nas expectativas dos jornalistas. A crise pandémica provocada pela Covid-19 aumentou a precariedade destes profissionais e a sensação de incerteza relativamente ao futuro. Estas são as principais conclusões de um estudo realizado em maio e junho de 2020, que registou as perceções de 890 jornalistas.
Representando 13,3% do total de jornalisanos depois da última investigação sobre públicostas registados na Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (à data do estudo, eram 6.678), a amostra de profissionais que responderam ao inquérito preparado no âmbito deste estudo revelou uma preocupação significativa com as questões de rigor e com o relacionamento com as fontes de informação. Por outro lado, o recurso ao teletrabalho, que afetou quase 70% dos jornalistas, alterou práticas profissionais que se repercutiram, por exemplo, num maior recurso a meios digitais para recolha de informação e num decréscimo da reportagem como género informativo.
O estudo foi desenvolvido por um grupo de investigadores das Universidades do Minho, de Coimbra e de Lisboa, com o apoio da Sopcom, da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas e do Sindicato dos Jornalistas.
Elsa Costa e Silva (Investigadora do PolObs)
PolObs :: Por que é que, em sua opinião, o Estado pode ou deve apoiar a imprensa?
O jornalismo exerce uma função que é essencial às democracias: informar e capacitar os cidadãos para a participação política e cívica. Ao longo da sua existência, o jornalismo foi suportado por um modelo comercial, baseado na publicidade, que está em crise. Não sabemos se e em que moldes será possível desenvolverem-se novas formas de financiamento de mercado para o jornalismo. O que sabemos é que as empresas e os projetos jornalísticos estão em crise e que a sua sustentabilidade está em perigo. Nesta fase, penso que o Estado tem um papel a cumprir.
PolObs :: Que modalidades de financiamento podem contribuir para a sustentabilidade dos jornais?
Ao longo dos anos, vários estados (onde não incluímos Portugal), nomeadamente os Nórdicos, têm vindo a promover políticas de apoio aos média, atribuindo subsídios às empresas com base em diversos critérios. De uma forma bastante simplicista, diria que é importante começar a olhar para o lado do ‘consumidor’, e não só do produtor. Ou seja, penso que será importante apoiar o leitor, por exemplo, deduzindo fiscalmente a subscrição de um ou dois jornais à sua escolha. Isso contribuirá para a transparência do sistema e para o estímulo à leitura.
por Luís António Santos
Ed. Samuel C. Woolley e Philip N. Howard
Oxford University Press, 2019
Este livro é um dos resultados de um projeto de investigação do Oxford Internet Institute que, desde 2012, decidiu estudar em detalhe ferramentas e processos de crescente produção automatizada de mensagens e de manipulação do funcionamento das plataformas, um tópico que Samuel Woolley e Philip N. Howard escolheram designar como ‘Propaganda computacional’.
O livro apresenta textos sobre a realidade em nove países (Rússia, Ucrânia, Canadá, Polónia, Taiwan, Brasil, Alemanha, Estados Unidos e China), sedimentados na perceção partilhada pelos autores de que estaremos perante um tipo novo de Propaganda, não apenas pelo uso integrado de intervenção humana e automatizada mas, sobretudo, pela gigantesca capacidade de ativação de mensagens em larga escala incorporando, em permanência, conhecimento adquirido sobre o comportamento dos utilizadores e, em muitas circunstâncias, imitando/replicando abusivamente perfis para manipular segmentos específicos da opinião pública.