Vários investigadores do PolObs estão envolvidos em candidaturas a financiamento submetidas à FCT por ocasião do concurso para projetos de investigação em todos os domínios científicos. Da comunicação de ciência à preservação do património e à comunicação para a cultura, passando pela regulação do setor da radiodifusão local e pelas políticas de financiamento da imprensa, os projetos propostos no âmbito do observatório estão em linha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e visam promover investigação qualificada no campo das políticas de ciência, comunicação e cultura.
Felisbela Lopes (investigadora do PolObs)
Não foi a variável mais decisiva para interpretar a evolução da pandemia em Portugal, mas a comunicação teve sempre uma enorme centralidade nesse processo. Bem-sucedida em determinados momentos, mal calculada noutros, a forma como as entidades oficiais comunicaram as suas decisões teve sempre consequências diretas no comportamento das pessoas.
Portugal é apontado como um bom exemplo no início da doença por SARS-CoV 2. Beneficiando da posição periférica do país que tardou a chegada do vírus, o Governo foi célere em confinar a população e comunicou isso de forma eficaz. Os jornalistas também assumiram, através do seu trabalho, uma orientação de comportamentos para a prevenção da doença. A partir de 3 de maio de 2020, Portugal passa a estado de calamidade e as restrições foram abrandando. Por parte das autoridades oficiais, houve uma comunicação ziguezagueante que atingiu o ponto mais perigoso no Natal. E que nos atirou para o grupo dos países onde o vírus atingia mais pessoas. De novo, o Governo toma medidas radicais: confina o país a partir de 15 de janeiro e presta mais atenção à comunicação. A 15 de março de 2021, inicia-se o processo de desconfinamento. Desta vez, mais lento, mais apoiado em especialistas e mais monitorizado. Porque já se percebeu que apenas se consegue travar uma nova vaga com decisões assertivas e com uma população respeitadora dos constrangimentos. Ora, isso apenas será possível, se as autoridades oficias souberem comunicar as suas resoluções com eficácia.
O PolObs acaba de lançar um novo estudo para examinar a presença de mulheres nos cargos de poder político, de decisão e de gestão da área da cultura em Portugal. O objetivo deste estudo é refletir sobre a implicação das mulheres em matérias de política cultural.
Enquadrado pela Agenda 2030 e pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 5—Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas—, esta nova proposta de trabalho da equipa do PolObs visa identificar as mulheres que trabalham no setor da cultura em Portugal, no desempenho de funções diretivas.
O projeto é coordenado pela investigadora Sara Vidal Maia e pretende identificar o perfil (ou perfis) destas mulheres, recorrendo à análise do tecido político-cultural autárquico, regional e nacional/central, para caracterizar as instâncias culturais que são dirigidas no feminino.
O desenvolvimento do estudo terá como base uma metodologia combinada que conjugará uma abordagem qualitativa com uma abordagem quantitativa e integrará instrumentos e técnicas diversificadas.
As principais conclusões do Media for Democracy Monitor (MDM2020), um projeto que reuniu investigadores de 18 países – entre os quais Portugal –, serão publicamente apresentadas num “webinar” marcado para o próximo dia 15 de abril, às 15h00 (via Zoom). O projeto visou analisar, quer através da recolha de dados diversos, quer através de entrevistas a jornalistas, de que modos os meios de comunicação contribuem, ou podem contribuir, para fortalecer e dinamizar a democracia. No “webinar”, aberto a quem queira registar-se (ver http://euromediagroup.org/mdm/mdm2021-launch/), serão abordados alguns temas estudados neste trabalho, como a precarização do trabalho jornalístico ou o modo como os média têm lidado com a desinformação.
Manuel Gama (Coordenador-adjunto do PolObs)
PolObs :: Que marcas deixa um ano de pandemia no setor cultural português?
A contaminação do setor cultural pela COVID-19 revelou-se dramática um pouco por todo o mundo, sendo que Portugal não foi exceção. Os danos que a pandemia provocou no frágil setor cultural português foram profundos e diversificados: cancelamento prolongado e generalizado de atividades; redução significativa ou por completo de rendimentos; ausência de mecanismos de apoios público, atempados e adequados; desemprego e encerramento de organizações.
Assim sendo, torna-se óbvio que nenhum paliativo poderá sarar as feridas profundas que foram abertas de forma tão rápida.
PolObs :: Que políticas seriam necessárias para dar novas oportunidades aos profissionais e às organizações culturais?
Em Portugal, aos constrangimentos provocados pelo inesperado da situação, acrescem as debilidades estruturais que se têm traduzido de múltiplas e variadas formas ao longo dos anos.
Serão muitas as medidas que urge implementar para que se possa dizer que temos políticas culturais coerentes, consistentes e consequentes, mas, dada a atualidade da discussão, espera-se que o estatuto do trabalhador da cultura, que aparentemente será aprovado a 22 de abril de 2021, responda efetivamente às reais necessidades do setor.
por Rita Ribeiro
Pablo Alonso González
Imprensa de Ciências Sociais, 2019
O património cultural imaterial tem estado no centro das políticas culturais, da escala mundial à local. Por efeito da Convenção da UNESCO para a salvaguarda do património cultural imaterial (2003), multiplicam-se os processos de inventariação e classificação de manifestações culturais e desencadeia-se uma corrida a tais selos de certificação.
Na senda dos estudos críticos do património, Pablo Alonso González, a partir de um estudo etnográfico realizado em Maragatería (Espanha), desconstrói a “máquina patrimonial” e os efeitos de governamentalidade que produz em territórios e populações que sucumbem à submissão das suas manifestações culturais a lógicas de exploração económica, política e ideológica. Merecem também menção o prefácio de Rui Gomes Coelho, que elabora uma breve análise do impulso patrimonializador que, do Estado Novo ao presente, percorre Portugal, e o posfácio de Paula Godinho sobre os riscos da patrimonialização e a necessidade de suster a voragem capitalista sobre as práticas culturais que são um bem comum.
22 de abril, 16h00
A próxima edição do Seminário Permanente do PolObs “Comunicação de Ciência: trajeto e enquadramento” realiza-se no dia 22 de abril, a partir das 16h, em formato virtual pela plataforma Zoom. A convidada desta sessão é Marta Entradas, investigadora do ISCTE-IUL. O acesso para a sessão pode ser feito pelo link https://videoconf-colibri.zoom.us/j/81247584563
29 de abril, 14h00
A Agenda 2030 é discutida todos os meses pelo PolObs com profissionais do setor cultural de Portugal e da América Latina. No dia 29 de abril, a roda de conversa “A dança como instrumento disseminador da Agenda 2030 no Paraná” decorrerá às 10h (Brasília) e 14h (Lisboa). O link para a sessão é http://bit.ly/Agenda2030_Brasil