CIÊNCIA
Autonomizou-se a coordenação da Ciência da tutela da Presidência do Conselho de Ministros. Criou-se o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a Agência Ciência Viva. Expandiram-se e tornaram-se mais regulares os programas de financiamento e apoio à internacionalização.
COMUNICAÇÃO
Terminou a censura prévia. Foi criado o ensino superior nesta área. Apareceram inúmeros projetos editoriais novos. Abriu-se a TV à iniciativa privada. Alargou-se o âmbito de trabalho a novas profissões e áreas de intervenção.
CULTURA
Foi criado o Ministério da Cultura. Desenvolveu-se o conceito de património cultural. Procurou-se articular as políticas de cultura com as políticas de educação. Foi aprovado muito recentemente o Estatuto do Profissional de Cultura.
Madalena Oliveira (coordenadora-adjunta do PolObs)
Num tempo de práticas digitais, o livro como objeto cultural está em crise. Poderia dizer-se que é um sinal de tempos marcados pela desmaterialização. Mas a crise do livro não é apenas um reflexo da substituição do papel pelo ecrã. É também consequência da aceleração estonteante do tempo. Do tempo que não temos para ler e do tempo que nos falta para escrever com o vagar que exigem as obras de dimensão.
É certo que nunca se terão publicado tantos livros como hoje. Embora haja cada vez menos livrarias, as secções de literatura dos supermercados exibem novidades todas as semanas. Publicar um livro já não é uma prática reservada a uns quantos autores que se distinguiam pela arte da palavra escrita. Também por isso, o livro é hoje um produto vulgar, distante do conceito de exceção que fazia dele uma criação nobre.
No campo científico, valorizam-se hoje as publicações em revistas. À referência dos clássicos que se perpetuavam em edições de referência para diferentes gerações sobrepõe-se a atualidade de edições periódicas que também impõem outra noção de tempo para a teoria e o conhecimento.
Por quanto tempo resistirá ainda o livro de pensamento e ciência aos imperativos das métricas de produtividade? Que sustentabilidade (palavra da moda) se pode perspetivar para a produção livreira numa cultura que privilegia o saber avulso quotizado em rankings e fator de impacto? Perguntas que também se impunham a propósito do Dia Mundial do Livro, assinalado a 23 de abril.
Fernando Oliveira Paulino (Professor da Universidade de Brasília)
PolObs :: Por que é que faz sentido continuar a defender o serviço público de média em democracia?
Porque a ideia de serviço público está vinculada a um princípio de universalidade e de pluralidade que nem sempre é possível garantir pela iniciativa privada e comercial. Por outro lado, o serviço público orienta-se por um ideal que visa promover acesso à informação, diversidade e identidade cultural, e favorecer a inclusão social e a participação dos cidadãos no debate público. Pautando-se pela obrigação de disponibilizar conteúdos de qualidade, o serviço público de média é fundamental para o exercício informado da cidadania.
PolObs :: Que desafios enfrenta o serviço público de média?
São vários os desafios. Por um lado, o do reconhecimento político inequívoco da sua relevância (no Brasil, por exemplo, vivemos uma séria crise a este respeito neste momento). Por outro, o do reconhecimento do próprio público, que, por vezes, confunde serviço público com serviço governamental. A isto acresce ainda a questão da sustentabilidade económica, a necessidade de garantir independência face aos poderes políticos e financeiros, a expectativa de vanguarda tecnológica, a fidelização de audiências que o justifiquem e o imperativo de prestação de contas.
por Emília Araújo
John Hassard (Ed.)
Springer, 1990
O período de pandemia que vivemos fica marcado por uma série de interrupções nos ritmos. Os períodos de “crise” e de “catástrofe” enunciam primeiramente uma quebra ou suspensão das normas que regulam os tempos sociais e organizacionais, assim como das expetativas dos sujeitos. A forma como recuperamos ou criamos novas “âncoras” da politica, do quotidiano e da vida, em geral, está intrinsecamente dependente da maneira como organizamos planos, calendários e outras estruturas de tempo, mais ou menos visíveis. O livro The Sociology of Time leva-nos a alguns dos vértices justificativos desta centralidade do tempo como estrutura, sendo especialmente interessante o olhar de Lewis Coser e Roser Coser sobre a inevitabilidade da presença do tempo, no texto Time Perspective and Social Structure.
Agora com acesso digital, o livro é editado por John Hassard e oferece a viagem necessária para a introdução aos estudos sociais do tempo e à sociologia do tempo. Está organizado em cinco partes principais que correspondem no fundo a dimensões mais importantes nos estudos sociais do tempo: o conceito de tempo e a forma como este se torna um objeto de estudo e de reflexão na sociologia, a organização do tempo industrial e organizacional; o capitalismo como modelo estrutural e, finalmente, a relevância dos contextos culturais na construção dos conceitos de tempo e perspetivas temporais.
Políticas de comunicação em Portugal
Num trabalho que contou com a colaboração de vários investigadores portugueses, Elsa Costa e Silva faz uma panorâmica da área das políticas de comunicação em Portugal. Brevemente na biblioteca do PolObs.
Projetos Culturais e a Agenda 2030
O investigador do PolObs Manuel Gama dinamizará oficinas sobre a Agenda 2030 para o público brasileiro até o fim de 2021.
22 de abril
Conselho de Ministros aprova o Estatuto do Profissional de Cultura
09 de abril
Plano de Recuperação e Resiliência contempla Cultura com 244 milhões
05 de abril
Governo Regional dos Açores cria Programa de Apoio Extraordinário aos Órgãos de Comunicação Social privados
18 de maio, 17h00
Seminário “Políticas, Regulação e Economia dos Média: problemáticas e eixos de pesquisa” com Elsa Costa e Silva, investigadora do PolObs, e Miguel Poiares Maduro, ex-Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, com a tutela da Comunicação Social