Em março de 2021, o PolObs iniciou o desenvolvimento do projeto de investigação Presença de mulheres nos cargos de poder político, de decisão e de gestão na área da cultura em Portugal. Com a aproximação das eleições autárquicas em Portugal, decorridas a 26 de setembro, uma equipa de investigadores lançou-se num estudo que procurou identificar as mulheres que se encontram em cargos de decisão autárquica, nomeadamente, aquelas que dirigem os pelouros da cultura em Portugal. Interessava saber qual o peso que as mulheres têm na gestão cultural local e qual o seu perfil, com base na sua formação académica. O estudo também procurou identificar a incidência dos partidos/movimentos nas presidências de Câmaras e/ou na vereação do pelouro da cultura cujos cargos são ocupados por mulheres.
Os resultados revelam que, nos executivos que terminaram os respetivos mandatos no recente período eleitoral, as mulheres estavam ainda longe de ter cargos de liderança ao nível das autarquias. Do total de 308 municípios de Portugal Continental e Ilhas, 274 concelhos possuíam homens (89%) à frente do cargo de Presidente da Câmara, contrastando com 34 mulheres (11%) na mesma posição. Particularmente no que diz respeito aos pelouros da cultura, apenas no Algarve e na Região Autónoma da Madeira, o número de mulheres com o pelouro da cultura ultrapassava o número de homens com o mesmo cargo: Algarve (60% são mulheres) e Região Autónoma da Madeira (63,6% são mulheres). A maioria das mulheres com a vereação da cultura inseria-se na área de educação/formação das Ciências Sociais, Comércio e Direito (35,4%), seguida da área de Educação (27,7%). Com relação aos partidos/movimentos, é de ressalvar a existência de um equilíbrio entre os resultados nacionais provenientes dos cargos de presidentes e os parciais referentes às mulheres nos cargos de presidente e/ou vereadoras da cultura. O estudo completo pode ser consultado aqui.
Gisela Gonçalves (Professora da Universidade da Beira Interior e Membro da Direção da Sopcom)
PolObs :: Que relevância têm as associações científicas para as áreas que representam?
As associações são estruturas que organizam grupos de pessoas com afinidades de trabalho e de interesse científico. Podem, por isso, funcionar como organizações que promovem a aproximação, o trabalho conjunto e o sentido de comunidade académica. Por outro lado, podem funcionar como o rosto público de um coletivo que, em princípio, terá preocupações específicas e campos de intervenção no espaço público. As associações constituem ainda plataformas de discussão, não só nas áreas de conhecimento a que estão ligadas, mas também em matéria de políticas científicas e do modo como afetam determinado setor.
PolObs :: Em que medida podem as associações científicas contribuir para o debate de políticas de ciência?
É verdade que o farão ainda muito pouco, em parte por falta de reconhecimento das entidades oficiais que, muitas vezes, ainda as desconsideram. No entanto, as associações deveriam ter a responsabilidade de monitorizar o que se faz do ponto de vista das políticas com impacto nas áreas a que estão ligadas, promover a circulação de informação entre os associados, desencadear reflexões entre os investigadores, intervir ativamente no espaço público e mobilizar os seus membros para um certo ativismo.
por Mariana Lameiras
João Carlos Correia & Inês Amaral (Eds.)
LabCom Books, 2021
Esta obra assinala a relevância e o interesse da diversidade de temas que nos ajudam a compreender melhor os média e o jornalismo em ambiente tecnológico e digital. Os temas emergentes de pesquisa nesta área não se fecham em nichos disciplinares e abarcam uma diversidade de ângulos incrível, que se reflete ao longo dos 11 capítulos. Daí a escolha de um livro que foi inteiramente planeado no contexto de pandemia e consegue, ainda assim, mostrar-nos a complementaridade complexa dos temas, focando-se nos desafios que são colocados aos jornalistas e às práticas jornalísticas e dos média do ponto de vista ético e deontológico e considerando as inovações trazidas pela inteligência artificial, bem como aos modelos de negócio dos jornais. Aborda ainda as mudanças na formação e consolidação de audiências e públicos e as questões da representação e da identidade, alertando o leitor para a performatividade inerente à representação, e termina com o caminho traçado pela transposição da Diretiva Serviços de Comunicação Social Audiovisual para as plataformas de partilha de vídeos e os serviços audiovisuais a pedido. No caso português, deixa antever a (contínua) fragilidade que tem estado associada aos mecanismos de auto e de corregulação dos média. Falamos de muito e de muitas coisas quando dizemos jornalismo e esta obra ajuda a desbravar caminho sob diferentes pontos de vista
.
A investigadora Helena Sousa é o rosto da colaboração do PolObs no projeto European Media and Platform Policy (EuromediApp), uma rede Jean Monet dedicada ao estudo da regulação das plataformas digitais. A parceria conta com a participação de vários países, como a Bélgica, a Itália, a Hungria, a Lituânia, a Finlândia e a Áustria. Baseado na experiência do Euromedia Research Group—de que faz parte também a investigadora do PolObs—, este projeto pretende estudar, analisar e discutir os benefícios e os desafios das plataformas digitais.
Outros membros da equipa do observatório deverão participar proximamente num workshop com investigadores nacionais para debater as preocupações de Portugal neste domínio das plataformas. Também os outros países realizarão workshops idênticos para reunir contributos que instruam a atuação da equipa do EuromediApp a refletir sobre o futuro dos serviços digitais e o modo como serão ou deverão ser governados.
.
Desenvolver estudos de forma mais sistemática, aumentar o número de publicações em obras científicas e divulgar relatórios regulares sobre os processos de monitorização são algumas das medidas que a equipa do PolObs pretende implementar para promover a consolidação do observatório. Na agenda dos investigadores estará também a realização de um colóquio e a publicação de um conjunto de três livros que exprimam as três áreas de atuação—Ciência, Comunicação e Cultura. O plano estratégico que está a ser preparado para o próximo biénio inclui a intensificação de relações com o Observatório Europeu do Audiovisual.
7 de setembro
ANACOM divulga relatório de serviço de distribuição de sinais de televisão por subscrição
25 de agosto
Decreto-Lei regulamenta a Lei do Cinema no que respeita à cobrança de taxas e às obrigações de investimentos
14 de outubro, 14h00
III Seminário Alimentação e Sustentabilidade
O evento terá a participação de Bel Coelho (chef/Cuia Café), Eudes Assis (chef/Taioba), Leonardo Menezes (curador de exposições/Museu do Amanhã) e Duarte Vilaça (diretor criativo/Agência Born). A moderação será de Cynthia Luderer e Manuel Gama.
Link: https://bit.ly/Seminário_Agenda2030
21 de outubro, 11h30
VII Feira EXIB Música 2021
A convite da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI), o investigador Manuel Gama participa como orador da VII Feira EXIB Música 2021, oportunidade em que refletirá sobre a importância dos 15 anos da Carta Cultural Ibero-Americana e de que forma o setor cultural deve apropriar-se do documento.